José Eduardo Gonçalves
“(…) E ele pinta e pinta. Faz o diabo com a tela. Faz o que pode e faz muito. Como poucos. Faz porque é isso que precisa fazer. Como todo artista de verdade, ele sabe que seu trabalho não leva a lugar algum, não explica nada, não alivia a vida de ninguém. A arte é coisa que corta e fere, que seduz o olhar, sim, por que não? Mas a sedução nos leva além deste olhar, e nos afunda em um mar sem saída, um escuro sem volta, um não saber. Toda arte é ponto de partida. Vem da história, de muitas histórias de uns e outros, de aprendizado. E por ser história se reinventa e parte para contar outras histórias. Tudo é memória. Tudo é invenção. Fernando Pacheco sabe disso. E por isso inventa essa coisa que é pura memória de algum lugar. Este lugar, só ele sabe o que é.”